Prezados Cooperários,

Chegou o momento de se aplicar o artigo mais falado, mais discutido, mais badalado da nova lei trabalhista, o imposto sindical, um dia de seu trabalho por ano, que há décadas é recolhido para as entidades sindicais financiarem suas atividades de representação da categoria durante os 365 dias do ano.

Mas, como sempre acontece em nosso país, dinheiro fácil e público atrai malandros de todos os tipos, além do próprio movimento sindical, que se incumbiu de deturpar completamente o uso destes recursos, desviando para finalidades políticas eleitoreiras e projetos pessoais, longe, muito longe, das necessidades e dos anseios dos trabalhadores. E diante de todos estes fatos, o caminho era realmente rever a forma obrigatória de se recolher esta contribuição. É preciso de fato, expurgar o mal, limpar o movimento sindical de pessoas e sindicatos que nunca agiram em prol do trabalhador, que criaram e mantêm seus sindicatos apenas para fins políticos pessoais.

O Sintracoop, como todo o Cooperativismo, nunca teve viés político partidário, sempre focou seu trabalho no resultado de suas negociações e na busca incessante de melhoria salarial para os trabalhadores em Cooperativas. Construímos nestes 11 anos de atuação, respeito e segurança jurídica para os empregadores e trabalhadores, criando assim um ambiente favorável ao crescimento das Cooperativas e à geração de novos postos de trabalho. Os números do Cooperativismo em Minas Gerais refletem isso, nesses três anos de crise de desemprego em todo o Brasil, o Cooperativismo só aumentou seus postos de trabalho, especialmente no ramo crédito, que chegou a crescer mais de 20% seu quadro de empregados, em um ano.

Visitamos em 2018 quase 400 Cooperativas, reunindo e transmitindo nosso entendimento sobre a nova lei trabalhista e principalmente sobre o imposto sindical, fomos muito bem recebidos, encontramos apoio dos amigos, como já esperávamos, mas também encontramos ambiente hostil, que não corrobora com o trabalho que desenvolvemos e nem com o espírito Cooperativista.

Nada foi surpresa para nós, já sabíamos quem continuaria caminhando conosco e quem iria nos virar as costas, e foi o aconteceu. O que não percebem, é que estão virando as costas para si mesmos, pois o Sintracoop somos todos nós. Como pode a mudança de uma lei vir para solucionar um desvio de conduta que existe, e simplesmente se transformar numa ação onde o trabalhador se vira contra o Sindicato, e que por conseguinte se vira contra trabalhador, sem que esse sindicato jamais tenha lhe virado as costas durante todos estes anos? Pode, por que estamos no Brasil, pátria da hipocrisia, onde as pessoas querem dar o mínimo ou até nada e receber o máximo de tudo.

Observe com atenção a situação inusitada da lei: numa categoria profissional uma parte dos trabalhadores contribui e continua apoiando o sindicato e a outra parte se nega a contribuir virando as costas para a categoria.

Quem vai ajudar quem ou quem vai prejudicar a quem?

Se o Sindicato negociar por todos os trabalhadores, os que contribuíram passarão a não contribuir mais porque julgarão desnecessário contribuir, e os que não contribuíram irão debochar dos que contribuíram mostrando que mesmo sem pagar nada receberam os mesmos benefícios negociados pelo Sindicato.  Será um exercício de conflito constante de trabalhador contra trabalhador, tirando a força da representatividade dos Sindicatos e principalmente sua força na negociação.

A quem interessa essa confusão e o enfraquecimento do Sindicato? Ao empregado? Ao patrão?

Não há mudança sem sacrifício, toda mudança exige sacrifício e é assim que iremos encarar este momento, sabendo que esse sacrifício não será em vão.

Mas que fique aqui claro e explícito a todos os trabalhadores em Cooperativas, jamais abandonaremos o trabalhador que nos apóia que caminha ao nosso lado e reconhece o nosso trabalho, mas viraremos as costas para todos aqueles que nos viraram também. O trabalhador que “decidiu” ou se negou a contribuir, saiba que decidimos e nos negamos a lhe representar.

O resultado disso, o futuro responderá, mas dificilmente trará os mesmos resultados que conseguimos acumular nestes 11 anos de trabalho.

O futuro ficou na mão do trabalhador e coube a ele decidir, a vida é assim, toda decisão tem conseqüências. Então, se teve coragem e discurso para decidir, que tenha coragem e discurso para enfrentar as conseqüências.

Vamos em frente!

Nossa luta continua e agora com mais vontade ainda.

Os grandes amigos se conhecem nas horas difíceis.

Temos grandes e  fiéis amigos.

Que Deus nos ilumine!

Marcelino Botelho

Presidente

EDITORIAL 1/2018 – CONTRIBUIÇÃO SINDICAL URBANA

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